sábado, 29 de outubro de 2011

Maldita imaginação


                Sempre que ouço falar sobre criaturas que se rebelam contra o criador eu penso, automaticamente, na minha imaginação. Ela sempre teve grandes poderes, desde me proporcionar a incrível habilidade de ver carinhas em tudo que existe até me torturar com a criação de infinitas possibilidades paralelas desastrosas. É um inferno na minha cabeça.
                Tudo que ela precisa pra me derrubar são dois segundos de distração.  15 minutos numa sala de espera, por exemplo, é tempo suficiente pra que eu já tenha visto o universo acabando três vezes, pelo menos. Ela não precisa de mais de 5 minutos pra me mostrar como todos os objetos no ambiente são armas letais em potencial para aniquilar metade da fila à frente.
                Uma simples descrição dá à minha imaginação a capacidade de transformar tudo numa produção cinematográfica. Parece divertido, mas não é. Principalmente quando seu cérebro quer te sabotar, quando seus pensamentos são niilistas, quando as pessoas ao redor só contribuem para a sua misantropia.
                Quando criança, minha imaginação me deu de presente um amigo imaginário. Ele andava num dinossauro vermelho e era um assassino. Não que eu fosse uma criança ruim, mas ter alguém pra esfaquear, virtualmente, seus inimigos adultos é sempre útil.  
                Não acho que a minha imaginação, durante a infância, fosse melhor que a atual. Pelo contrário. Acumular vivências dá a imaginação um poder ainda maior. A vantagem de ser criança é poder executar sua imaginação livremente sem parar no analista, ou ser apontado na rua.  Poder dar aqueles ataques de risadas infinitos, com direito a dor de barriga, em público.
                Lembro-me dos reinos e dos super poderes que tinha. Lembro das histórias que eu escrevia e jurava que eram verdade, lembro-me de ter me pintado de verde pra provar à minha mãe que era um alienígena. Lembro-me que ela era maluca e disse que me ajudava a consertar minha nave se eu juntasse os brinquedos, lembro-me que por isso nunca voltei pra casa.

Um comentário:

  1. KKK eu sei como é isso, eu sempre via mais carinhas no biscoito de água e sal do que no passa-tempo.

    ResponderExcluir